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Armazem das Tralhas, desde 2008 facilitando a vida dos pescadores com as melhores iscas artificiais para seu tipo de peixe. Quem ja negociou por aqui sabe da seriedade e comprometimento que temos para com os pescadores, porque sou pescador também. Aproveitem, sugestões e criticas sempre são bem vindas.

sábado, 10 de outubro de 2009

AS FÁBULAS E OS FATOS DA PESCA

Por Jim Porter
E-mail: jporter@jimporter.org

"Eu posso pegar bass a qualquer hora e lugar", gabou-se Bam-Bam-Bam, semi-profissional de Final de Semana. "Sim senhor, eu os descobri e se eu não paro, não haveria mais peixe no lago."

É uma fábula, evidentemente. Mas, nós já ouvimos alguns 'cobrões' fazerem comentário semelhante uma vez ou outra. Você se lembra da pessoa. ELE era aquele que voltou 'sapateiro' no último torneio do clube. Se você pensar mais um pouco, você se lembrará que ele tinha uma lista de desculpas tão longa quanto o grandão que escapou, também. A parte triste da história é ele pode, realmente, acreditar em algumas delas, especialmente se ele as usa muito frequentemente. Pior ainda, ele pode ser responsável por alguém mais começar a acreditar em seus 'contos de fadas'.

Se você perguntar a qualquer guia ou pescador profissional bem-sucedido, há uma verdade muito explícita sobre a pesca do bass que vem à tona: é um esporte para homens que pensam. Um pescador da Carolina do Norte, Buck Perry, iniciou o movimento por uma pescaria instruída (educated, n.t.) quando ele nos encorajou a raciocinar, ao pegarmos um bass, porque o peixe estava naquele local e hora em particular e porque ele pegou naquela isca. Buck nos disse que, como pescadores, tendemos a produzir desculpas complexas por não pegar peixe, quando o que nós DEVERÍAMOS estar fazendo seria eliminar as fábulas e tentar entender os fatos reais sobre o nosso esporte. Pensamento positivo e conhecimento, Perry confidenciou, pegam mais bass do que qualquer super-isca.

No decorrer deste artigo, vamos explorar algumas dessas 'fábulas' e tentar relacioná-las com os 'fatos' da pesca do bass. Meu trabalho é mostrar essa exploração de uma maneira razoavelmente coerente. SEU trabalho é lê-la com a mente aberta e, ENTÃO formar suas próprias opiniões.

FÁBULA: Os peixes não estavam 'mordendo'.
FATO: Pegar bass é razoavelmente simples; achá-los é que é difícil.
Eu serei o primeiro a admitir que os basses, ocasionalmente, realmente entram em períodos de relativa inatividade e, durante esses momentos, eles dificilmente podem ser convencidos a pegar a nossa isca. Este estado normalmente é causado por um de três fatores: a passagem de uma frente fria; os peixes se alimentaram muito há pouco tempo e não estão sendo guiados pelo instinto da fome; ou a temperatura está extremamente baixa. Qualquer um deles pode, com certeza, paralisar o bass.
Entretanto, nenhuma dessas condições afeta completamente, ao mesmo tempo, uma população inteira de peixes em todo o lago ou represa. Alimentação, no sentido do peixe, ocorre quando a fome se manifesta ou simplesmente quando a comida se apresenta.
'Quando a comida se apresenta' é uma afirmação importante. Nós todos sabemos que, do ponto de vista puramente físico, o bass é uma 'máquina de comer'. A mãe-natureza não lhe deu aquela boca enorme apenas para ser bonito. Ele é um predador, em todos os sentidos da palavra. É um fato observado que cardumes de bass se alimentam na superfície até estarem completamente saciados, vomitam o conteúdo estomacal, e continuam a atacar os peixinhos. Nós todos já observamos peixinhos semi-digeridos no viveiro. O bass que os vomitou certamente não estava muito faminto, ainda assim o bandido aceitou a nossa isca oferecida alguns minutos antes.
O importante a reter é que a presença de comida, seja ela real ou artificial, normalmente provocará uma resposta do bass. Nós poderemos ter que provocá-lo um pouquinho, mas ele normalmente poder ser levado a atacar a isca, estando faminto ou não.
Uma coisa importante que Buck Perry nos contou foi que o bass estará no raso, nas áreas de águas profundas, ou em algum lugar intermediário. Basicamente, isto significa que temos que aprender a achá-los se pretendemos pegá-los consistentemente. Este conhecimento é adquirido através do estudo e aplicação da teoria da estrutura, efeitos climáticos e influência da estação nos locais preferidos e nos padrões de alimentação. Quando escutarmos a triste canção de que 'eles não estão mordendo', é praticamente certo que o pescador simplesmente não apresentou sua isca na presença do peixe.

FÁBULA: Você está zunindo pelo lago à toda velocidade e observa o que parece ser uma boa área de pesca. Você diz ao seu parceiro, "Vamos pescar aqui - parece ser um bom ponto."
FATO: A seleção de um local de pesca potencialmente produtivo depende de uma análise racional do que existe ABAIXO da superfície.
Somente porque vemos uma área com pequenos galhos acima da superfície ou uma série de grandes troncos cortados em uma área rasa, isto não significa que automaticamente acharemos o bass lá. Certamente nós todos, uma vez ou outra, tentamos pescar numa dessas áreas, somente para descobrir que a água tinha 6 polegadas (15 cm, n.t.) de profundidade e o fundo era de pura lama repelente de bass. Nem tudo o que brilha é ouro, e este ditado, da mesma forma, se aplica às possíveis áreas de bass.
Antes de gastar um segundo do nosso precioso tempo de pescaria em um ponto em particular, sempre determine se ele realmente tem algum potencial real. Faça a você mesmo as seguintes perguntas: Ele está perto de água profunda, ou tem alguma característica definível de estrutura (prolongamento de bico, canal de drenagem, banco de cascalho) que vá até água profunda? A composição do fundo é razoavelmente dura e limpa, ou lamacenta e limosa? A profundidade e proteção, dado o grau de transparência da água, são suficientes para prover camuflagem e segurança necessárias para atrair um bass?
Alguns dos melhores locais de pesca que conheço estão a uma milha de qualquer margem e completamente vazios de quaisquer características visíveis que indiquem suas existências. Cover (proteção, n.t.) visível não garante bass, mas ela causa um bocado de esforço de pesca não-planejado, consumidor de tempo.

FÁBULA: Cor é o mais importante aspecto a ser considerado na seleção da isca apropriada.
FATO: Em ordem de prioridade, as mais importantes características que determinam a seleção da isca são profundidade, velocidade e tamanho.
Sob risco de perder meu status de field-tester (testador de campo, n.t.) semi-profissional, eu devo informar que as iscas são feitas para pegar primeiramente o pescador e depois o peixe. Este é um fato do negócio orientado para o lucro numa sociedade capitalista. Logicamente, elas também precisam pegar bass razoavelmente bem de maneira a continuar a ser um risco de mercado bem-sucedido para o fabricante e a maioria faz isso. A miríade de cores de iscas de pesca disponível pegará bass uma vez ou outra.
Entretanto, cor é simplesmente um fator insignificante até que tenhamos primeiramente considerado os fatores listados acima.
Profundidade é a mais importante característica e, a menos que seja considerado em primeiro lugar, estamos destinados a sermos 'possivelmente bem-sucedidos' ao invés de 'provavelmente bem-sucedidos'. O raciocínio é muito simples - se nós não mergulharmos a isca adequadamente, nós não provocamos o ataque. Se os peixes estão agrupados numa pilha de pedras ou drop-off a dez pés (3 metros, n.t.), uma isca de meia água (shallow running, n.t.) não vai pegá-los (a menos que estejam muito agressivos). Por outro lado, se os peixes estiverem num lugar com dois pés (60 cm, n.t.) de água, perto de troncos cortados, uma Magnum Hellbender irá espantá-los ao rasgar o fundo, ao invés de provocar um ataque. São dois exemplos extremos, é verdade, mas nós esperamos ter demonstrado nosso ponto de vista.
Velocidade é o segundo mais importante fator na seleção de isca e entra no jogo por provocar o instinto de ataque do bass. Se os peixes estão ativos e agressivos, uma isca que se mova rapidamente irá produzir resultados imediatos. Se, devido a uma frente fria ou água gelada, o bass está letárgico e relativamente inativo, ele frequentemente requer um recolhimento lento e provocativo para finalmente obter uma resposta. Uma vez que colocamos a isca na zona de ataque (profundidade), torna-se importante determinar a velocidade de recolhimento que gerará ação. Isto é muito importante quando estamos procurando cardumes de bass, uma vez que ao obtermos o primeiro ataque isto provocará uma competição no cardume e outros peixes se tornarão mais ativos. Velocidade é uma questão de tentativa e erro e precisa ser determinada pelo pescador. O melhor conselho é que, em águas mornas, o bass normalmente estará ativo e um recolhimento rápido é preferível, enquanto que em épocas mais frias (ou após a passagem de uma frente fria com uma elevação brusca da pressão atmosférica) uma apresentação lenta é melhor.
Tamanho é uma característica sazonal e primariamente é um fator de seleção que depende da temperatura da água. Água morna significa alto metabolismo para um bass de sangue frio e isto significa que ele precisa comer mais para se sustentar. Sua mente precisa calcular rapidamente se a comida que ele está para perseguir lhe dará um retorno apreciável sobre o investimento em energia gasta para capturá-la. Consequentemente, uma isca grande parece ser melhor durante as estações mais quentes. O contrário é verdadeiro no inverno, pois ele não requer muita comida como antes e pegará iscas menores. E, quando o bass está gelado e letárgico e relativamente inativo, ele frequentemente requer um recolhimento lento e provocativo para finalmente obter uma resposta. Uma vez que colocamos a isca na zona de ataque, torna-se importante determinar a velocidade de recolhimento que gerará ação. Isto é muito importante quando estamos atrás de cardumes de bass.

FÁBULA: As altas temperaturas no verão mandam todos os bass para o fundo.
FATO: Embora a temperatura na superfície possa estar perto de 90 F (32,2 graus Celsius, n.t.), dez pés (3,0 metros, n.t.) abaixo ela pode normalmente estar entre 72 e 78 graus F (entre 22,2 e 25,5 graus Celsius, n.t.), bem dentro da zona de conforto para um bass. Com um termômetro, isto pode ser comprovado facilmente pelo pescador.
Esta fábula tem, provavelmente, suas raízes no fato de que, após a desova, o bass geralmente abandona as áreas rasas. O pescador, agora frustrado porque não consegue achar os peixes, nota que a temperatura está subindo e atribui-lhe a responsabilidade por empurrar o bass para as zonas profundas. Na verdade, duas outras coisas naturais causaram o abandono das áreas rasas. Primeiro, com a desova completada, os bass simplesmente retornam para as áreas habituais onde eles passam dez meses do ano. Segundo, a fonte de comida, que também foi atraída para as áreas rasas com o aquecimento da primavera, também saiu das margens. Embora as áreas habituais para alguns bass possam, de fato, ser profundas, um grande número deles parece nunca ir além dos 18 pés (cerca de 6 metros, n.t.). Ao longo dos meses de verão, o bass pode ser, quase sempre, achado em estrutura facilmente atingível.

FÁBULA: A água estava muito alta.
FATO: Água alta permite que o bass chegue a novas fontes de comida na rica e fértil margem ou áreas planas outrora secas.
Mesmo em águas barrentas, de inundações, pescadores profissionais nos contam que os bass, particularmente os maiores, deslocam-se imediatamente para se alimentar. Áreas com capim denso e árvores são consideradas como as mais produtivas. Eu me lembro de um ano em que o Campeonato do Estado da Virginia foi vencido, num lago Buggs Island extremamente alto, com iscas de meia-água arremessadas em águas com seis pés (2,0 metros, n.t.) de profundidade, em torno de casas e trailers inundados. Mais ou menos como pescar no quintal.

FÁBULA: O nível da água estava caindo, ou ele estava muito baixo.
FATO: Níveis de água em queda ou muito baixos forçam os bass a saírem das áreas de proteção normais para a beira do canal ou outra estrutura mais próxima.
Este fato torna mais fácil achar o peixe e reduz enormemente as áreas onde precisamos procurá-lo. Quando todo o capim e pontas de galhadas estão secos, o bass não tem lugar para ir exceto para aquelas estruturas e ele estará lá a maior parte do tempo. Pescadores de rios ou águas sujeitas a marés conhecem bem este fato.

FÁBULA: Você precisa de um barco grande, um motor com 150 HP e muito equipamento eletrônico para pegar bass hoje em dia.
FATO: Há cinco itens essenciais para pegar todos os bass que você quiser - uma plataforma móvel para pescar a partir dela, equipamento decente para apresentar a isca, uma boa seleção da isca (para cobrir adequadamente todas as profundidades), um sonar e uma dose de bom senso.
Barcos grandes e rápidos nos dão a capacidade de mover-nos rapidamente e pescar um bocado de água - e nós o fazemos. O problema é, consequentemente, que nós falhamos por não trabalharmos metodicamente nenhuma área e acabamos por passar ao largo dos peixes. Quando o motor está funcionando, as iscas estão no barco. Iscas secas pegam pouco peixe.
Quando dizemos equipamento decente, estamos nos referindo a equipamento confiável e adequado para a tarefa. Ele não precisa ser caro para ter boa qualidade, portanto escolha sabiamente. Embora possamos economizar um pouco com equipamento, NUNCA faça isso com sua linha. Ela deve ser a melhor que você puder obter. Sua única ligação com o troféu da sua vida será aquele pedaço de fio. Um guia para uma boa seleção de iscas pode render um livro inteiro. É suficiente dizer que esta parte do seu equipamento é escolhida da mesma maneira que você montaria uma caixa de ferramentas - cada peça deve executar uma tarefa específica.
Há muitos aparelhos eletrônicos no mercado que são propagandeados como sendo necessários para pegar bass. Entretanto, perguntando para os profissionais, somente um deles é considerado indispensável e é o sonar (depthfinder ou fishfinder, n.t.). Contrariamente à crença de muitos, seu principal objetivo não é ver peixes; ele é usado para localizar estruturas onde os peixes costumam estar. Use-o para este propósito, e com aquela dose de bom senso, e ele se tornará a SEGUNDA mais valiosa peça de equipamento em seu barco.
A PRIMEIRA é aquela coisa que você carrega entre seus ombros.
Uma coisa importante que nos contou Buck Perry foi que o bass estará nas áreas rasas, nas áreas profundas, ou em algum lugar entre elas. Basicamente, isto significa que temos que aprender a achá-los se pretendemos pegá-los consistentemente. Este conhecimento é adquirido através do estudo e aplicação da teoria da estrutura, efeitos climáticos e influência da estação nos locais preferidos e nos padrões de alimentação.
Assim, quando escutarmos a triste canção de que 'eles não estão mordendo', é praticamente certo que o pescador simplesmente NÃO ACHOU o peixe.


Notas:

1. Tradução: Eduardo K. Seto – email: eks.fish@uol.com.br - Junho/2001.

2. Vários termos foram mantidos no original porque, de forma geral, é assim que eles são, ou acabam sendo, conhecidos e utilizados pelos pescadores de bass.

3. Link para original em inglês: http://www.gofishohio.com/articles/porter/jp_fablesandfacts.php

Fonte: BASSONLINE - http://www.bassonline.com.br

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